quarta-feira, 28 de setembro de 2016

"Existe Algo de Bom nos Homens?" - PARTE II

Homens no Topo


Quando eu digo que estou pesquisando como a cultura explora os homens, a primeira reação é geralmente "Como você pode dizer que a cultura explora os homens, quando os homens estão no controle de todas as coisas?". Esta é uma objeção justa e precisa ser tratada seriamente. Ela envolve a crítica feminista da sociedade. Esta crítica se iniciou quando algumas mulheres sistematicamente observaram a sociedade a partir do topo e notaram homens por todo lado: a maioria dos comandantes, presidentes, primeiros-ministros, a maioria dos congressos e parlamentos, a maioria dos presidentes executivos de grandes corporações, e assim por diante - eles são majoritariamente homens.

Vendo isto, as feministas pensaram "wow, homens dominam tudo, então a sociedade é voltada para favorecer os homens. Deve ser ótimo ser homem".

O erro desta forma de pensar é olhar somente para o topo. Se observarmos em direção à base da sociedade em vez disso, encontraremos uma maioria masculina também. Quem está nas prisões, por todo o mundo, como criminosos ou prisioneiros políticos? A população no Corredor da Morte jamais se aproximou de 51% de mulheres. Quem são os sem-teto? Novamente, maioria masculina. Quem a sociedade mais usa para trabalhos ruins ou perigosos? As estatísticas do Departamento de Trabalho dos EUA reportam que 93% dos trabalhadores mortos no trabalho são homens. Igualmente, quem acaba morto em batalha? Mesmo nas Forças Armadas dos EUA de hoje em dia, que têm feito muito pela integração dos sexos e pelo ingresso de mulheres em combate, os riscos não são iguais. Este ano [NT01] batemos a marca de três mil mortes no Iraque, e dessas, 2938 foram de homens, 62 de mulheres.

Podemos imaginar uma batalha antiga, em que o inimigo foi expulso e a cidade foi salva, e os soldados que retornam estão cobertos de moedas de ouro. Uma feminista daquela época poderia protestar "ei, todos aqueles homens conseguiram moedas de ouro, e metade delas deveria ir para as mulheres". Em princípio, eu concordo. Mas lembre-se, enquanto os homens que vocês veem obtiveram moedas de ouro, tem também os outros homens que vocês não veem, que ainda estão sangrando e morrendo no campo de batalha por causa dos ferimentos das lanças.

Esta é uma primeira pista importante de como a cultura usa os homens. A cultura está cheia de contrapesos, nos quais ela precisa de pessoas para realizar coisas arriscadas ou perigosas, e assim sendo oferece grandes recompensas para motivar as pessoas a tomar tais riscos. A maioria das culturas tendeu a usar homens para estas lacunas de alto-risco&alto-retorno muito mais que mulheres. Eu proponho que existem importantes razões pragmáticas para isto. O resultado é que alguns homens recolhem grandes recompensas enquanto outros têm suas vidas arruinadas ou até mesmo ceifadas. A maioria das culturas protege suas mulheres do risco e portanto também não lhes dá as grandes recompensas. Não estou dizendo o que as culturas deveriam moralmente fazer, mas culturas não são seres morais. Elas fazem o que fazem por razões pragmáticas direcionadas por competições entre outros sistemas e grupos.

FootNotes:
  • [NT01] O artigo é datado de 2007

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